quarta-feira, 20 de maio de 2015

Descobertas

Maria Danielle*

Já era noite. Eu andava impaciente pela casa. Estava confusa, só restava eu, a menina mais nova daquela família, se é que posso chamar isso de uma família. Meus pais, meus tios, cada um seguiu seu rumo. Rumos diferentes. Não tinha nenhum irmão. Só restava eu, e meus avós.

Fico admirada com cada história que minha avó me conta. Sobre a vida, sobre minha família, sobre tudo. Sentei ao lado dela, já era tarde, mas eu queria saber de tudo. Ela me contava que meu pai, aquele que já não vejo há anos, era um militar, e que a sua profissão não era boa, ele era desrespeitado, ganhava pouco, mas era o usado, brigou até com o exército. Mesmo não gostando dele, eu tinha medo do que podia acontecer.

Eu ficava cada vez mais curiosa. Perguntava a minha avó sobre a minha mãe, mesmo não tendo contato com ela, eu a amava. Minha avó falou que ela fazia parte de uns cafeicultores paulistas tradicionais, um grupo de cafeicultores que tinha menor poder em relação ao oeste paulista, o outro grupo, o que brilhava, tinha mais poder. Era cada história, eu não imaginava que a minha mãe fizesse parte de um grupo de cafeicultores.

Minha avó seguia me contando as coisas, falou da minha tia, que era muito religiosa, participava da igreja. Minha tia era a que mais mantinha contato com a minha avó, ela contava que tia falou que a igreja mantinha uma união com o povo poderoso, o Estado parece, não entendo essas coisas, mas parece que a igreja não dava ordens em nada, só o Estado que mandava, parece até que teve um conflito religioso.

Meu tio era como um pai para mim, e como eu era curiosa, perguntava tudo a ele, gostava muito de príncipes e princesas, mas ele não me entendia, falava era de imperador, tal de D. Pedro II, mas falou de uma princesa também, a filha dele, ela se chamava Isabel, casada com um conde, já não gostei dele, ninguém gostava dele, ela deveria ser casada com um príncipe, vai que esse conde herdasse o trono do Imperador?

Meu avô sentou conosco, super alegre, ele falava da reportagem que tinha lido no jornal. Ele nos contava do que lá estava escrito sobre um tal de processo abolicionista, abolição da escravatura, onde uma princesa Isabel depois de outras leis, havia assinado a Lei Áurea. Lembrei imediatamente da princesa que meu tio havia me falado, ela também se chamava Isabel. Meu avô também comemorava o fim de uma tal de monarquia, e o começo de uma república. Ah, como meu avô era engraçado! Ele dizia “Ah, minha neta, agora não precisamos mais dizer: “Somos da América e queremos ser americanos”.” Eu sorri para ele, com uma cara de quem não estava entendendo nada. E não estava mesmo! Decidi dormir. Já sabia de muita coisa naquela noite. Só me restava descansar, e pensar, na minha vida, minha história.

*Maria Danielle, é aluna do 9º do Colégio Nossa Senhora Da Piedade.

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