sábado, 11 de janeiro de 2014
“A vida de gado aprendi a amar, no cavalo não aprendi a montar, mas a vaquejada com muito orgulho, aprendi a narrar.”

(Ninho de Juvêncio)

O calendário cultural lagartense em 2013 ficará lembrado como um ano de relevantes comemorações. Uma das quais os 50 anos da tradicional vaquejada. Assim, a cidade assistiu e aplaudiu de pé um evento que ficou marcado para os amantes da festa, reunindo excelentes atrações e um público de grandes proporções. Na pista a velha competição rompeu as noites em disputas acirradas, com um público fascinado pelo esporte e vibrante a cada grito de “valeu o Boi”.

Para tanto, recorremos a uma das mais representativas músicas em homenagem ao evento, trata-se de um hino cristalizado pela banda Saco de Estopa: “Alô, Vaqueiros. Alô, alô vaquejada! A festa da vaqueirama, deixa a cidade animada. Se gritar: valeu o boi! valeu boi, valeu boiada*”.  Grito por sinal que durante décadas foi ecoado na voz marcante de um cidadão lagartense que merece ser lembrado, por sua dedicação e identidade ao esporte.


João Tavares de Souza, popularmente conhecido por Ninho de Juvêncio, O REI DAS VAQUEJADAS, nascido em meados da década de 50. Sua trajetória coincide com o crescimento do esporte na região. Desde cedo, mais precisamente na segunda metade dos anos 60, acostumou-se a ouvir um locutor pernambucano conhecido por Granja que se apresentava na vaquejada e na exposição de nossa querida cidade, tornando-se seu maior expoente.

A influência pela locução o deixou fervilhante em um dia também adentrar nesta seara. Foi quando em agosto de 1977 recebeu um convite para sua primeira apresentação em Itabaianinha, seria o início de uma carreira que durou 36 anos. Para sua grata surpresa ao estar diante do microfone na cidade dos anões foi visto por um gigante e ilustre conhecido, o lagartense e também apaixonado pelo esporte Landulfo Almeida, que estendeu o convite para o mesmo fazer sua estreia em sua manjedoura.


Em setembro do mesmo ano Ninho de Juvêncio com sua voz eloquente e radiante, unida a sua maneira própria de locução, começava a trilhar um percurso de memoráveis e inesquecíveis apresentações. Seu sonho estava realizado, ser locutor nos solos que lhe viram brotar. Seu nome tornou-se referência no meio onde estava inserido, o que lhe promoveu a receber convites para outras tradicionais vaquejada.

Muitas foram as cidades sergipanas que ouviram o grito de “valeu o boi” entoado por Ninho, com o próprio gosta de dizer: “em Sergipe foi de cabo a rabo”. Os estados de Alagoas, Bahia e até Minas Gerais na cidade de Jordânia, também receberam o locutor papa jaca. No entanto foi a vaquejada de Serrinha-BA que conquistou o seu fascínio, em quatro oportunidades que por lá se apresentou. Recebendo uma homenagem em 1998, a qual ainda guarda com carinho em seu acervo de troféus.

Títulos no futsal: Ninho de Juvêncio e George Magalhães.
No entanto sua versatilidade e seu afã de novas descobertas não o permitiram ao longo dos anos se acomodar em uma mesma área, como um garimpeiro em busca de um pedra preciosa, uniu seu amor pelas mais variadas práticas esportivas, em especial o futebol. De início se aventurou no futebol de salão, em 1986 esteve à frente da equipe da Madeireira Tavares, conquistando algumas premiações a nível estadual. No campo foi membro da Liga de Futebol amador de Lagarto, oferecendo sua valorosa contribuição no momento áureo do amadorismo na cidade.

Incansável e com o espirito aventureiro, aproveitou-se de sua familiaridade com os microfones e se engajou no cenário radiofônico, sendo locutor de programas sertanejos, intitulados Na Varanda da Fazenda na Rádio Progresso AM por duas temporadas em 1984 e 1989, e na Rádio Comunitária Juventude FM no período de 2009 a 2012. Seu itinerário a frente do microfone o fez participar de equipes esportivas nas mencionadas emissoras e na Eldorado FM desde 2013, cobrindo o futebol sergipano.

Na varanda da fazenda, nos estúdios da Progresso AM.

Atualmente não mais participa dos eventos de vaquejada, o último evento seria o de Pedra Mole em novembro de 2013, onde mesmo estando presente preferiu ser um espectador de luxo. O grito de “VALEU O BOI” não será mais ouvido na voz de um dos maiores protagonistas das festas de boiadeiros sergipanas. No entanto, ao mencionarmos seu nome seremos notadamente seduzidos pela memória e lembraremos de suas agitadas e marcantes exibições, que fizeram história na vaqueirama de Lagarto. E assim, valerá a sabedoria popular que diz: “quem foi Rei jamais perderá a majestade”.

*O Trecho foi retirado da música “Vaquejada em Lagarto” do CD Por Um Beijo Teu do forró Saco de Estopa, 1996.
 ** imagens: Ninho de Juvêncio

2 comentários:

nbs_edy disse...

Parabéns pela bela matéria. está se constituindo um insigne escritor. Saudações culturais. Um leitor curioso, Nazon.

Unknown disse...

Ninho de Juvêncio,voz ímpar,talento nato,ícone.parabens gostei muito da sua matéria.gladson pereira